segunda-feira, 1 de dezembro de 2008

La Goulue - Toulouse Lautrec

Henri de Toulouse Lautrec (1864-1901) pintor francês pós impressionista, celebrizado pelas suas litografias e vida boémia.

Nasceu no seio de uma família aristocrática, recebeu educação artística e foi um menino normal até os 14 anos, quando sofreu um acidente e partiu o fêmur esquerdo. Menos de um ano depois, partiu o direito. Os traumatismos, aliados a uma doença óssea congênita atrofiaram-lhe as pernas e ele tornou-se praticamente um anão, com dificuldades locomotivas. Passou, então, a dedicar cada vez mais tempo à pintura. Infelizmente, à bebida também, e era nos bordeis que encontrava a maior parte da inspiração e onde passava as suas horas de ócio. Morreu prematuramente, ao 36 anos, sem ver a sua obra reconhecida.

Tive oportunidade de visitar o museu Toulouse Lautrec, em Albi, a sua cidade natal. Esta simpática cidade fica no sul de França, a 80 km de Toulouse, e em visita aos meus amigos de Toulouse, sabendo eles da minha paixão por pintores, fizeram-me a surpresa e levaram-me lá. O museu em si não tem nada de extraordinário, mas ainda assim gostei de ver um estudo original deste quadro lá pespegado. Muito maior do que este meu, que mesmo assim já mede 60x80 e foi uma encomenda de uma prima de Paris. Acrílico sobre tela, e quase um mês de trabalho. As letras foram o pior. Argh!

quarta-feira, 1 de outubro de 2008

terça-feira, 30 de setembro de 2008

MOODS

Tive a felicidade de ser convidada para expor algumas das minhas telas, como sabem. (Se não sabem, há detalhes aqui ).
Gostaria de poder contar com a vossa opinião para o livro de visitas virtual, que será impresso e encadernado tal como o livro de visitas que se encontra no local da exposição.
Se quiserem votar no vosso favorito, seria engraçado para depois divulgar o top da Blogosfera.
Este post vai ficar aqui durante todo o mês de Outubro, e vou actualizando com algum feedback da exposição real.
Obrigada a todos

domingo, 31 de agosto de 2008

Guardanapo Pascal

Uma caixinha que ofereci à minha mãe, na Páscoa há dois ou três anos. Forrada com papel de seda e recheada com uma dúzia de marrons glacé, feitos em casa. Não tentem, é um pesadelo! Leva dias, é extremamente delicado, é extremamente frustrante e gostava de dizer que ficaram extremamente bons, mas nem por isso...comiam-se! Se calhar foi por isso que mummy acabou por esquecer-se que a caixa estava recheada e ainda foram uns quantos para o lixo.
Mais uma aplicação de guardanapo sobre madeira. Passei previamente um branco baunilha acrílico, e depois entretive-me a colar os pedaços de guardanapo. Neste, tive ajuda da professorinha, que estava irremediavelmente apaixonada pelo pintainho (eu também, que este guardanapo é giríssimo) e quase não me deixou tocar no bichinho.

domingo, 3 de agosto de 2008

As mexicanas

Mais um sobre o qual nada sei, a não ser que o original se encontrava pendurado num quarto de hotel no México. Foi-me gentilmente cedida a foto por uma colega do atelier, que tirou a foto quando lá esteve a passar férias. Adorei as cores e como o facto de ser estilizado significava uma tarefa relativamente simples, resolvi fazê-lo. Data de 2006.
As flores foram giras de fazer, se bem que às tantas já as deitava pelos olhos! Acho que o mais complicado foi mesmo fazer o entrançado dos cestos e a figura central, com a sua camisa branca (que tive de sujar para conseguir sombras e fazer a gola) e os lenços, com as risquinhas. É sempre trabalhoso criar a ilusão dos vincos no tecido. O melhor conseguido é o da primeira figura, em tom rosa e riscas laranja e branco.

domingo, 27 de julho de 2008

'A pêga' - Claude Monet, 1872

Reprodução de tela do meu impressionista favorito, o grande, o inimitável, o mágico: Monet (1840-1926).
Descobri, durante o processo, que o mestre concluíu este quadro precisamente cem anos antes do meu nascimento...
Na descrição técnica desta tela, inscrita na obra 'Monet' (A Era dos Impressionistas, 1995) da editora 'Globus', pode ler-se: 'As paisagens nevadas são um suporte perfeito para as ideias dos impressionistas, posto que as sombras e os matizes da luz convertem o manto branco numa subtil sinfonia de matizes. Aqui vão desde os leves toques amarelos da zona iluminada no primeiro plano até aos azuis e violáceos das sombras.' O que não é dito é que estes efeitos matizados são extremamente difíceis de conseguir! Desisti umas trezentas vezes, e este pequeno quadro, de 25x20, levou mais de seis meses a ser concluído.
Está longe de estar perfeito. Está parecido. Ao longe. Assim que aproximamos a foto original do meu resultado saltam à vista mais mil e um detalhes que não consegui captar, ou que captei mal. Ainda assim, gosto do meu quadro de sacrifício. Precisamente porque sei a que ponto esteve perto de ser mandado para o lixo. A sua conclusão é uma vitória da persistência e devoção ao Mestre.
Atrevo-me a dizer que só mesmo um extraordinário copista conseguiria reproduzir na perfeição as pinceladas de Monet...
Diz Cristoph Heinrich, na sua obra 'Monet' publicado pela editora Taschen, que 'Claude Monet é o pintor da luz do dia, do ceú, da neve, das nuvens a reflectirem-se na água e o primeiro a pintar quadros quase completamente brancos. Ao longo da sua vida, mesmo nas suas últimas telas - os nenúfares -, ele acrescentou o branco às suas cores, retirando da sua pintura as tonalidades desvanecidas que, nesta natureza-morta, ainda dominam. Monet é o pintor da luz.'
Com tão poderoso comentário, que resta para dizer?
Mas voltarei a Monet, pois ele é inesgotável. E voltarei com fotos da sua casa de Giverny, onde tive o verdadeiro privilégio de visitar os maravilhosos jardins, com o lago dos nenúfares, pisar a famosa ponte japonesa, e entrar na sala estúdio de Monet. Uma experiência ímpar...

domingo, 20 de julho de 2008

Natureza morta com cesta de fruta ('A mesa de cozinha', 1888-1890)

Uma reprodução de um clássico de Paul Cézanne (1839-1906), mestre impressionista contemporâneo de Monet, Renoir, Van Gogh, Sisley e Pissaro. Curiosamente, este tempestivo artista, de reputado mau feitio, foi reprovado na Escola de Belas Artes e recusado em sucessivos salões de exposição, antes de ser reconhecido como mestre. As suas obras chegaram depois a vender-se por mais do dobro que as de Monet (o que eu, pessoalmente, não entendo, mas gostos são gostos. Gosto de Cézanne mas venero Monet).
Podem conferir o original da tela aqui.
Este quadro tem uma história curiosa, pois a base não é mais do que uma daquelas telas pré-impressas, cheias de números que correspondem a cores, e que comprei no Lidl por uma ridicularia. Sou, por norma, favorável a tudo o que leve as pessoas a criarem. E, se for preciso pintar por números, não tenho absolutamente nada contra. Mas, esta técnica tem as suas limitações. Primeiro, o material fornecido nunca é de boa qualidade. Já não falo em qualidade de primeira, que aí também eu não posso chegar, mas não é possível fazer ovos sem omeletes. O material destes kits é francamente primário. Depois, ao pintar áreas geometricamente delimitadas, perde-se o envolvimento global da tela que se está a tentar reproduzir. Quando a tela é originalmente geométrica, por exemplo um cubista, o problema é menor, ainda que persista. Mas, num quadro impressionista, que vive da pincelada, do matizar das cores e da noção de movimento, até podia vir Cézanne em pessoa que isto ficaria horrível se ele se limitasse a pintalgar as cores indicadas nas zonas, seguindo as instruções. É que os kits falham numa coisa essencial: não ensinam a dar volume nem movimento. Nem a misturar as cores de forma correcta. São uma boa base, mas aconselho toda a gente a pegar no resultado final e não ter medo de dar uns retoques pessoais.
Foi o que eu fiz. Quando acabei o 'by the book', olhei para aquilo e....blarghhhh! Ca nojo! Não havia nada que me parecesse bem, apesar de ter executado com precisão as instruções do kit. Frustradíssima pelo tempo perdido, mas teimosa o suficiente para tentar salvar o que pudesse ser salvo, fui buscar os meus óleos e voltei a fazer tudo, trabalhando sobre o primeiro resultado final como se de uma base se tratasse. Novas misturas de cores, o franco arredondar das formas, o matizar da cor nos fundos, o trabalhar das sombras (o preto, esse tão pouco conhecido aliado...é ele que dá toda a profundidade a um quadro, e tanta gente tem receio de o usar. Eu também, no início, mas agora, preto com ele!)... no final, nem eu o reconhecia. Deu-me um gozo brutal fazer esta tela, depois da frustração inicial, e gosto tanto dela que a tenho na sala.
Retenho a dificuldade em pintar a toalha, de modo a que parecesse dobrada, vincada, amassada, manuseada, como no original. Tudo isso é feito trabalhando tom sobre tom, e trabalhando sombras. É o chamado 'faz e desfaz', colocando a tinta, e depois esbatendo, decompondo a pincelada que acabámos de dar, e integrando-a no que já tínhamos feito. Muitas vezes, é um trabalho que só é possível em seco. Camada sobre camada. Por isso é que os óleos são mais morosos: há muito tempo morto entre secagens. Mas é tempo bem empregue. Remember: a pressa é inimiga da perfeição. O próprio Cézanne levou cerca de dois anos a concluir este quadro...
A foto, como sempre, está meio nojentinha, porque até ter uma ligação internet eficiente tenho de fotografar a menos de um mega pixel para conseguir fazer o upload. Vou ter de substituir isto tudo, mas por enquanto é o que há.

sábado, 12 de julho de 2008

Pastoral

Não sei absolutamente nada sobre o autor original desta tela. Só que vi uma aluna a fazê-lo em vitral e gostei das cores. É sempre assim, tem de ser 'amor à primeira vista' para eu me aplicar a 100%. Não me peçam para fazer uma tela que não me diga nada, que sai asneira na certa...
Está pendurado no meu quarto, mesmo na parede em frente da cama, e foi para ali para por um pouco de cor no branco sobre branco. Detesto paredes brancas. Limitam-me o espírito. É o vazio...o nada...o mais puro éter, imaterial e deslambido. Odeio paredes brancas.
Com esta tela - que por ser absolutamente masoquista fiz a óleos e que me levou quase seis meses a acabar (pois parece básico mas não é. As nuances de cor e transparências iam levando aqui a jovem à loucura) - perco-me em reflexões de azul e rosa noite fora, ou quando acordo de manhã. São 60cm por 80cm de cambiantes de cor, e é um dos meus quadros preferidos. Gosto da suavidade do tema pastoral, aliado à intensidade dos turquesas e violetas. Gosto do bucolismo rasgado pela dominante geométrica. Gosto do pormenor das sombras nas ovelhas, gosto do pormenor de haver ali uma ovelha preta (será da sombra, ou é do mau feitio mesmo?). Achei curioso o pormenor que talvez não dê para ver na foto, das unhas dos dedinhos dos pés pintadas...uma pastora, mas uma pastora bem posta!
Hesitei na hora de escolher a moldura, pois nunca fui muito fã de dourados. Mas aconselharam-me a dar-lhe uma moldura nobre e fiquei-me pelo compromisso: dourado, sim, mas com laivos de verde a chamar os fundos da tela. É uma canseira pensar em todos estes pormenores. O Emanuel (o meu emoldurador oficial) já se ri quando me vê entrar. É que eu chego lá e digo sempre o mesmo, com um ar de desespero extremo: o que é que eu ponho nisto? E passamos largos minutos a experimentar combinações. Felizmente que ele é um querido, porque eu sou uma melga de indecisão nestas coisas...
A foto está um pouco miserável porque tive de a reduzir para conseguir que o estupido PC se dignasse fazer o upload da foto. Nunca mais tenho uma ligação de jeito, bolas!

quarta-feira, 11 de junho de 2008

Para encher chouriços...

Já cá não vinha há muito tempo e, não tendo nada melhor para fazer enquanto espero ansiosamente pelo final do relato do Portugal-Rep. Checa, resolvi procurar aqui nos arquivos fotográficos uma coisita que não me obrigue a grandes explicações.
Aqui fica mais um ponto de cruz temático, com todas as formas possíveis e imaginárias de consumir maçãs. Falta a cabeça do filho do Guilherme Tell, na minha opinião...
E FOI GOLO!!!! É O TERCEIRO, É A CONFIRMAÇÃO. O JOGO É NOSSO. ESTAMOS (QUASE, QUASE) NOS QUARTOS DE FINAL!!! SOMOS OS MAIORES!!!

domingo, 18 de maio de 2008

Para rir...

Tenho andado muito arredia deste meu cantinho. Não era bem isto que eu tinha planeado, mas, por vezes, por mais que queiramos desdobrarmo-nos em três ou quatro, há sempre qualquer coisa que tem de ficar para trás...
Hoje, e porque o tempo também me escasseia, fica a prometida reprodução da Mona Lisa, do mestre Leonardo da Vinci, que integrou as celebérrimas 19 telas do casamento da mana. Está uma verdadeira miséria, verdade? Reparem no ar masculino e abichanado e nos dedinhos tortinhos, que metem dó. Eu sei...mas, às tantas da manhã e com mais não sei quantos quadros para fazer, já se manda o Leonardo e a monstra da Giocconda para o raio que os parta! Cabra da mulher, parecia que se estava a rir de mim!
Para animar as hostes, que rir também faz bem. Mas voltarei para falar mais desta obra, quanto a mim, e pelo que vi no Louvre, por entre as cabeças dos japoneses, claramente sobreavaliada. A tela é mínima, e a mulher era declaradamente feia! Não tanto como aqui, mas também não muito melhor!

domingo, 27 de abril de 2008

Vitral

Longe das representações bíblicas que costumamos ver nas Igrejas, o vitral aplica-se hoje a representações bem mais terrenas.
Sendo a minha mais recente 'paixão' estou a fazer vitral até à exaustão. Este foi o primeiro, no verão de 2007.
O encanto do vitral, para mim, reside no efeito relevo, que é conseguido através da delineação do desenho com cerne. É este que delimita as zonas a pintar e 'segura' a tinta de vitral que, por ser muito líquida, escorreria se não fosse assim impedida. É a fase mais difícil, pois o cerne tem de ser aplicado numa linha fluída, e não permite hesitações. Ainda estava um pouco verde na arte de aplicar este material e tive bastante ajuda da professora, que trata o cerne por tu. É incrível como ela consegue dominar a bisnaga de forma a que o risco fique exactamente onde tem de ficar, e com uma espessura constante. Eu confesso que ainda tenho de treinar, mas estou a melhorar.
Tem de trabalhar-se com alguma rapidez, pois a tinta de vitral seca depressa e não é possível 'emendar'. Mas, assim que perdemos o 'medo' inicial, podemos brincar infinitamente com as cores e os matizados. É uma técnica muito bonita, que nos prende à medida que vamos ousando mais. Confesso-me viciada, apesar de reconhecer que a utilidade destes pratos é meramente decorativa e mesmo só para quem goste. Este está na minha sala, mas só porque foi o primeiro. Os outros, não sei que lhes faça... Mas talvez os coloque na exposição que parece que vou fazer, cortesia do meu cunhado que me inscreveu num programa da Câmara Municipal, que parece que apoia umas mostras de pessoas do Concelho. Não sei muito bem os detalhes, mas talvez consiga vender alguma da tralha que vou fazendo ;)

domingo, 6 de abril de 2008

Gulodice de ponto cruz

O ponto cruz tem sido um grande amigo das tardes de chuva no inverno, ou das tardes de calor abrasivo, no verão. É também um aliado importante em férias com pessoas com ritmos diferentes do meu. Enquanto a maior parte das pessoas gosta de dormir, eu abomino. Por isso, enquanto o resto da malta ressona, eu bordo. Ou leio, é conforme. Dormir é que não!
Esta obra de arte pasteleira foi feita en tempo record, mais ou menos três meses, para oferecer à minha madrinha, no Natal de 2006.

segunda-feira, 24 de março de 2008

At Sunset...

Este é uma daquelas telas com uma história por trás...
Foi a minha segunda reprodução do Jim Warren, de que já falei num post anterior, e tal como a outra tela, também me chamou a atenção pelas cores. Mas, mais do que isso, - e aqui começa a história-, chamou-me a atenção pelo simbolismo que lhe atribuí.
A foto não é das melhores, e vou substitui-la assim que puder, mas hoje apetece-me falar sobre este quadro, que está no meu quartinho, e que amo de paixão, apesar de ter passado por momento menos bons, à volta dele.
Cette toile a été ma deuxième reproduction du peintre Jim Warren, de qui j'ai parlé en presentant une autre toile. Tout comme la première, ce furent les couleurs à d'abord capturer mon regard, mais aussi et surtout, le simbolysme que j'y ai vu...La photo n'est pas géniale mais j'avais envie de parler de cette toile aujourd'hui
Esta tela nasceu para ser oferecida a alguém que já não faz parte da minha vida. Seria indelicado dizer 'felizmente', mas, como o blog é meu, e eu digo o que me apetece, Felizmente mesmo! Seja como for, na altura namorava com um rapaz e entendi, porque sou emocionalmente atrasada mental, que ele merecia uma prenda de Natal especial e decidi fazer-lhe este quadro. Porquê este? Porque, ao olhar para ele, o que vemos? (melhor dizendo, o que vi eu) Vemos a espuma do mar transformar-se em mulher e o rochedo em homem. Com o pôr do sol, que dá título à tela, começa para estes amantes a altura em que podem estar juntos. Eu interpreto esta tela como um conto, ou uma lenda. A princesa Espuma que vem ter com o seu Príncipe Rochedo, para viver efémeras horas de felicidade antes de voltar a desfazer-se em espuma, refugiando-se no seu porto seguro por algumas horas . (É maricas, pois decerto, mas eu nunca disse que não era lamechas, e neste cantinho restrito estou muito mais à vontade para dar largas ao meu inconformado romantismo). Anyway, agradava-me sobretudo a ideia do Homem rochedo, que estivesse ali, forte e firme, para a Princesa Espuma. Pois enganei-me redondamente ao acreditar que o destinatário da tela saberia honrar a árdua tarefa de estar à altura da lenda, ou o que seria ideal, de ir além da lenda. Pouco tempo depois levei uma tampa monumental, sem nunca chegar a saber muito bem porquê, mas isso agora também já não me interessa minimamente. E como me enganei, pensei, pensei, pensei, e contra todos os meus princípios, contactei a inominável criatura e pedi-lhe que me devolvesse o quadro. (Mais do que justo, pois eu devolvi-lhe o estúpido anel). Eu sei que isto não se faz, mas eu sou assim: dou tudo com extremo prazer, mas se mas fazem também as levam de volta. Eu simplesmente não podia deixar um pedaço de mim áquela pessoa, que não o merecia de todo e que não saberia como cuidar dele. Os quadros têm de ser mimados, a moldura acariciada, longamente contemplados... A criatura teve o bom senso de não me levantar problemas e colaborar, e por isso pedi a um amigo que o fosse buscar. Não vos sei descrever a alegria de o ter de volta. Só apaguei a dedicatória que tinha escrito por trás, e pendurei o meu bébé, só meu, e para sempre meu...Não me desfaço deste quadro nem que me matem. Não desisto de acreditar no seu simbolismo, como também não desisto de pensar que talvez um dia encontre um rochedo a sério.
Cette toile est née pour offrir à quelqu'un qui ne fait plus partie de ma vie. Courrant le risque d'être impolie, je me dis que 'tans mieux et bon débarras!'. Toujours est-il qu'à l'époque je sortais sérieusement avec un jeune garçon, et j'ai voulu lui offrir un cadeau spécial. Cette toile m'avait intéressé par le symbole que j'y voyais: la princesse écume se reunissant avec son prince rocher au coucher du soleil, pour quelques heures de bonheur avant de se retransformer en écume et rejoindre la mer. Un peu naive, très à l'eau de rose, bien sûr, mais dans ce petit coin je me sens plus à l'abri pour me montrer telle que je suis. Malheureusement, j'ai mal jugé le caractere du destinataire qui m'a quitté peu après. Après une profonde reflexion, et contre tous mes principes, j'ai recontacté la créature en question pour récuperer mon tableau. Je sais que ça ne se fait pas, mais je ne pouvais absolument pas laissé un morceau de moi à une personne qui ne le méritait pas le moindre du monde. Atravers un ami, qui a été le récuperer pour moi, j'ai récuperé mon bébé à moi, qui est aujourd'hui dans ma chambre, et qui sera toujours spécial pour moi. Je ne me séparerai jamais de cette toile, ni de son symbolisme, et je croirai toujours qu'il sera possible, un jour, de trouver un vrai rocher.

segunda-feira, 10 de março de 2008

Homenagem ao grande Fernando Pessoa

Sempre gostei muito de Fernando Pessoa. E de alguns dos seus heterónimos, especialmente do Caeiro, mas menos. Acho que Pessoa, enquanto Fernando, expunha bem a sua sensibilidade e dor interna, e sempre foi isso que me atraiu nele. A faceta sofredora, pessimista e sombria, que ainda assim não conseguia abafar o seu génio criativo.
Passei por uma fase poética muito severa, durante a adolescência, e qual rato de biblioteca, li quase tudo o que havia disponível. Mais, enquanto os amiguinhos passavam o verão na praia, eu ia de autocarro até Sesimbra, buscar livros, e voltava para casa. Instalava-me na marquise soalheira, com uma enorme caneca de refresco de café, um caderno e uma caneta de tinta permanente. Tenho cerca cinco ou seis cadernos A4, cheios de poemas copiados destes livros. E sempre a ouvir a música da nostalgia...Foi uma fase algo solitária, mas que me enriqueceu imenso no conhecimento da poesia portuguesa.
Fiz esta tela em 2006, acho, porque me enviaram um email com esta gravura, e com uma mensagem muito bonita, que aliás foi um dos meus primeiros posts no 'gatil'. E porque me encantaram as cores, a geometria e as transparências, tentei replicar o melhor possível o quadro que um senhor latino (cujo nome não consigo encontrar no google) fez, para celebrar os setenta anos da morte deste grande Poeta.
Foi tramado conseguir que as linhas ficassem direitas, e que o arco da Rua Augusta ficasse bem (ou , menos mal), mas no cômputo geral, fiquei satisfeita.
Há um pormenor muito giro, que não se vê na foto. O autor original incluiu anotações à mão (infelizmente não consegui ler na fotocópia da imagem, e só apanhei algumas: o nome dos heterónimos e de algumas das suas obras maiores. Sempre escritos de pernas para o ar e meio disfarçados. Nesta foto vê-se um dos arabescos manuais, perto da caneta, do lado esquerdo da tela)
Tenho pena é de o ter num sítio menos nobre, porque não se enquadra muito na minha sala. Acho que é um quadro que merece o seu espaço... Tenho, definitivamente, de arranjar uma casa nova!

sexta-feira, 15 de fevereiro de 2008

Técnica do Guardanapo (sobre madeira)

A pedido de várias famílias, aqui fica a técnica que permite transformar um tabuleiro de madeira absolutamente banal, nisto:

Material:

  • Um tabuleiro de madeira
  • Um guardanapo com motivos
  • Um pincel macio, de preferência de pelo sintético
  • Cola especial para découpage ou termolina branca
  • Uma tesoura
  • Um pedaço de folha de lixa
  • Tinta acrílica

Execução:

FASE 1: Preparação do tabuleiro

Para que a tinta cubra bem a madeira é necessário que esta seja preparada para a receber. Isto faz-se lixando a superfície até esta se apresentar perfeitamente lisa. Deve limpar-se com um pano de algodão macio, para eliminar quaisquer restos de serradura.

De seguida, e isto sou eu que faço, não é científico, dar uma camada de tinta acrílica de cor mais ou menos neutra, para fazer a base para a colagem do guardanapo. Geralmente, uso cores claras, como o 'baunilha' ou o 'beige', dependendo, é claro, do motivo do guardanapo. Dão-se geralmente duas 'demãos', para a tinta agarrar bem e esconder todos os veios da madeira.

No tabuleiro acima, para além de ter pintado a base, optei por pintar todo o tabuleiro.

Deixa-se secar muito bem a tinta. E quando digo 'muito bem', é mesmo 'muito bem', senão corre-vos mal a vida! :)

FASE2: Aplicação do guardanapo

Enquanto se aguarda que a tinta aplicada no tabuleiro seque, pode aproveitar-se o tempo para recortar o motivo que queremos colar. O guardanapo pode ser usado inteiro, mas neste caso, como sou masoquista, achei que seria boa ideia cortar só os motivos. O que está colado no tabuleiro é um único recorte! Como quando se descasca uma laranja sem parar...Dá um trabalhão do caraças!

O guardanapo é constituido por três películas: só nos interessa trabalhar com a que tem o motivo, mas, por ser extremamente frágil, só devemos retirá-la, com cuidado extremo, quando já estivermos prontos a aplicá-lo. E isto acontece logo após a primeira passagem de cola em cima do tabuleiro. Calcula-se a área que vai ser ocupada pelo motivo e, com o pincel, dá-se uma camada ligeira de cola, espalhando-a bem. Não é necessário por cola onde não vai ser aplicado o desenho, mas se se puser também não fica mal.

Assim que a cola estiver uniformemente espalhada, colocar delicadamente o motivo do guardanapo em cima e, muito suavemente, com a ajuda do pincel, e com movimentos a partir do centro do motivo para fora, fazer o desenho aderir à madeira. Esta é a fase mais crítica, pois o guardanapo, já de si frágil, pode facilmente ceder sob a pressão o pincel. É preciso mesmo ser extremamente delicado, porque não dá para 'emendar'. Se o guardanapo rasgar, tem de se retirar tudo e recomeçar.

Depois de colado o guardanapo, verifica-se se não há áreas que não estejam bem coladas (se houver alguma pontinha que pareça estar a descolar, aplicar-lhe mais um pouco de cola, directamente, e 'calcar' com o pincel. Deixa-se secar a primeira camada de cola, e algumas horas mais tarde, volta a aplicar-se mais uma camada, que pode ser generosa, uma vez que a fase de 'perigo' já passou e o motivo já está embebido na madeira. De qualquer forma, mais vale ser sempre delicado na aplicação, e não carregar muito com o pincel.

Pode repetir-se a aplicação de cola as vezes que se desejar, o que aumentará a resistência do conjunto. Pessoalmente, acho que três passagens (inclui a primeira) chega perfeitamente.

Et voilà! Pode dar-se um acabamento com verniz em spray, para acrílico (dado que usámos tinta acrílica), que deve ser aplicado uniformente, e também em camadas sucessivas, deixando algumas horas de secagem entre aplicação.

Obviamente não se pode lavar o tabuleiro, mas a base está protegida pela cola e pelo verniz, pelo que, se pode usar sem receio. Ainda que se suje ou salpique de café ou qualquer outra coisa, passando com um paninho húmido e, eventualmente, um detergente pouco abrasivo, limpa-se sem problemas de maior.

Para a próxima aula: guardanapo sobre vidro

domingo, 10 de fevereiro de 2008

Um génio surreal...Un génie surréel...

'Todas as manhãs, quando acordo, experimento um prazer supremo: o de ser Salvador Dalí'
'Tous les matins, en me réveillant, j'éprouve un plaisir suprème: celui d'être Salvador Dalí'
Ainsi parla Dalí, le plus egocentrique et exentrique des Maitres. D'après les publications Taschen, ce fut le seul surréaliste qui le resta du début à la fin de sa longue carrière.
Catalan de naissance, il vit le jour le 11 mai 1904, à Figueras (près de Gérone) et y mourru le 23 janvier 1989.
Sa vie fut marqué par l'exccès, le scandale et les déclarations inflammatoires. L'amour de sa vie fut Gala (Helena Devulina Diakanoff), à l'époque mariée à Paul Eluard, le poète surréaliste du cercle de Dalí. Avant qu'il ne lui prit sa femme, bien entendu.
Assim falou Dalí, o mais egocêntrico e excêntrico dos Mestres. Segundo a publicação da Taschen, foi o único surrealista que o foi do princípio ao fim da sua longa e profícua carreira.
Catalão de nascença, viu pela primeira vez o dia em Figueras, pequena localidade da provínica de Gerona, em 11 de Maio de 1904, e aí morreu em 23 de Janeiro de 1989.
Uma vida de excessos, sempre 'desculpados' pela sua genialidade ,e declarações inflamatórias e polémicas que fizeram de Dalí um personagem único, que se ama ou se odeia.
Pessoalmente, adoro. Acho que o seu génio não tinha limite. Com Dalí, o 'nonsense' faz sentido. E, ainda que o não faça totalmente, a sua bizarra harmonia torna as suas telas um verdadeiro deleite. Elementos visuais muito fortes, cor, forma, tudo levado a um muito bem conseguido exagero. Temas controversos, por vezes alguma crueza, e simbologia de carácter erótico/sexual, deixam entrever a forte e sexual personalidade do seu autor. Dalí era Grande. Dalí era mesmo imenso. Viveu em grande e protagonizou, com a sua bem amada e musa inspiradora, Gala (Helena Devulina Diakanoff), uma história de amor também ela marcada pelos escândalo: Gala era, na altura em que conheceu Dalí, casada com o poeta surrealista francês Paul Eluard, que rapidamente se viu posto de lado pela jovem de origem russa. Ora, isto não terá caído muito bem, especialmente ao pobre do Eluard... temos pena, Paul, honestamente...
Anyway, agora que já falei do Salvador e da Gala, vou falar da minha imitaçãozucha. Esta mini tela (mais ou menos 20 por 30), foi uma das 19 'cópias' de telas famosas que fiz para o casamento da minha irmã. Como a moça não tem paciência para se preocupar com detalhes, pediu-me que lhe arranjasse um tema para o casamento. Ora, dando-me carta branca, já se vê que, se não for bicharada ou o Sporting, só pode ser pintura! E assim nasceu a ideia de dar nome de mestres artistas às mesas do convidados, e já que vamos apostar em grande, enfeitá-las com mini telas. Ainda considerei a hipótese (lógica) de fazer cópias a cores de downloads da net, mas o apelo do desafio falou mais alto. Em três semanas, pintei dezanove telas em acrílico (que seca quase de imediato). Era até de madrugada, não dormia, só pensava nas telas. Trabalhava em duas ou três ao mesmo tempo. Foi a loucura total. Mas foi muito divertido. E algumas, como penso que esta, resultaram muito bem. Outras nem tanto (a Giocconda, por exemplo ;)). No final do casamento tivemos de recolher tudo à pressa, que muita gente achou que 'era para levar'. Stress!!!! Mas não me livrei de dar tres ou quatro, a malta de França e a um primo que está em Inglaterra, mas, podem pensar que é parvoíce, tenho saudades delas. Acontece-me muito com os meus trabalhos, sinto enorme dificuldade em 'deixá-los ir'. Ainda não bem que não tenho de vender quadros para comer (seria para já difícil encontrar compradores, mas isso é outra história). Desconfio que havia de andar chupadinha...
Alguns detalhes sobre esta o original desta tela. Dalí baptizou-a de 'Persistência da Memória', e data de 1931. A inspiração terá nascido de um sonho com camembert a escorrer! :) parece que é uma metafísica do tempo que se come e que come. Ok...não fui eu que disse, foi a Taschen!
Quelques détails sur cette toile de Dalí: elle fut appelé 'Persistence de la Mémoire' et date de 1931. Dalí eut un rêve de camembert coulant et ce fut sa base d'inspiration pour cette oeuvre. Il s'agit de la metaphisique du temps qui se mange et qui mange, mais j'avoue que je ne comprends cette idée qu'à moitié...

terça-feira, 5 de fevereiro de 2008

Natureza Morta/Nature Morte

Muitas vezes considerada como uma 'arte menor', a pintura de naturezas mortas é frequentemente o ponto de partida do aspirante artista, uma vez que 'representa o modelo perfeito - imóvel, com uma interminável série de volumes, formas, texturas e cores' (sic in 'Segredos do Desenho e da Pintura'), permitindo entender os conceitos básicos de luz e sombra, perspectiva e composição.
Historicamente, e devido aos séculos de domínio do Clero na cultura, só eram consideradas 'arte' as pinturas de carácter religioso. Progressivamente, e com o declínio do poder da Igreja, os artistas, mais livres, começaram a interessar-se por temas do quotidiano, dando-lhes uma interpretação de tal forma viva que o conceito ganhou o seu merecido lugar nos nossos museus de hoje. Quem não encontra um encanto particular nos 'malmequeres' de Van Gogh, ou nas mesas postas de Cézanne? Quem não olhou já para um cesto de fruta (bem)pintado e pensou 'esta maçã parece mesmo sumarenta' ou não se deliciou com os subtis cambiantes de veludo da pele de um pêssego? Quem não imaginou o que se esconde na sombra de uma chávena, ou quase sentiu o perfume de flores campestres numa jarra?
As naturezas mortas são, na verdade, um mundo. Talvez não tão espectaculares como uma paisagem bucólica, mas carregadas de segredos por desvendar. Basta olhar com mais atenção para detectar um detalhe que nos conquista de imediato.
Este quadro de 2001, cujo autor original desconheço, não lhe podendo assim dar o devido crédito, foi a minha primeira natureza morta. Pode ver-se a minha dificuldade com os malmequeres, muito básicos e pouco encorpados. Acho os malmequeres particularmente irritantes de pintar porque é preciso trabalhar muito bem os brancos, dado que não temos outra cor com que dar formas e constrastes. Os malmequeres são, definitivamente, uma flor a abater!
No oposto aos malmequeres, a abóbora. Gosto muito dela, e deu-me muito gozo passar horas a dar-lhe corpo. Parece-me ser o elemento mais forte da tela. Aliás, agora que penso nisso, a 'progressão' do trabalho é perfeitamente visível. Comecei pelo fundo, claro, e depois de timidamente me aventurar nas malditas flores, descendo pelo desenho, 'cresci' em confiança na parte inferior. O canto inferior direito foi o que fiz em último, e o que me parece mais bem conseguido. Mas claro, isto é a minha opinião, muito parcial. :)
(Fogo, e agora traduzir isto tudo??? Caraças, mas porque é que eu me meto nestas coisas?)
Sur le texte ci-dessus je décris d'abord l'origine des natures mortes, et le fait qu'elles n'ont été acceptés comme véritable Art qu'après le déclin du pouvoir du Clergé, lorsque les artistes se tournairent des représentations religieuses vers la représentation libre de scènes du quotidien.
Les Natures mortes sont souvent le premier pas des aspirants artistes car elles proposent le modèle parfait: immobile, avec d'interminables volumes, formes, couleurs et textures. Celà permet de travailler le concept de lumière et ombre, perspective et composition.
Je propose aussi deux exemples de natures mortes par Van Gogh et Cezanne, et je souligne le fait que la nature morte, quoique que peut être moins spéctaculaire qu'un paysage bucolique, cache un monde de secrets et nous envoie dans un monde de sensations par l'observation de la toile: une pomme juteuse, une pêche de velours, ce qui se peut se cacher dans l'ombre d'une tasse, le parfum des fleurs des champs dans un vase...
Ma toile, ci dessus, date de 2001 ( dont, malheureusement, j'ignore l'auteur originel) et a été ma première nature morte. Nous y trouvons des fleures timides, surtout les marguerites, très pâles et avec peu de substance. Je trouve ces fleurs très difficiles de travailler car il faut maitriser l'usage du blanc et y mettre plusieurs couches, pour lui procurer du volume. En bas, mon élement le plus réussi, je pense: la citrouille. ´Je pense que l'évolution du travail est plus ou moins visible, car le coin inférieur droit, le dernier à être fait, me semble plus consistent que le reste de la toile. Mais bien sûr, ceci est mon opinion très partial! :)

domingo, 3 de fevereiro de 2008

Porque nem só de tela vive o artista

Reservo-vos hoje uma visita ao mundo das artes decorativas. Técnicas várias dão vida a simples objectos sem cor, reavivam velhos móveis, e embelezam o nosso lar. Ou não, dependendo da perspectiva. Nem toda a gente aprecia. Confesso que eu também não sou fã de figurinhas pintadas à mão ou peças de vidro sem utilidade. Contudo, convivo muito bem com a elaboração de peças que têm um fim, ou uma utilidade, e em que o que eu faço é apenas decorá-las.
O exemplo de hoje é temático: Um prato de Natal.
A técnica do guardanapo é uma técnica simples, pouco dispendiosa e que resulta muito bem em madeira, vidro e tecido. Basta ter paciência e alguma habilidade para recortar os motivos do guardanapo sem dar cabo dele!!
Como estou um bocado apertada de tempo não posso dissertar muito mais, mas noutro dia, poderei explicar como se faz.
Parqu'il y a plus que la toile dans l'univers de l'artiste, au menu aujourd'hui, un petit tour au monde des arts décoratifs. Diverses techniques donnent vie à des objects sans couleur, rammènent à la vie de vieux meubles et décorent nos maisons. Même si tout le monde n'apprécie pas. J'avoue moi même ne pas apprécier des figurines peintes ou des objects en verre sans utilité. Par contre, j'aime beaucoup faire des pièces utiles.

Exemple du jour: Plat de Nöel

La technique de découpage est simple, bon marché et fonctionne bien sur bois, verre et tissus. Il suffit juste d'avoir un peu de patience et être habile pour découper la serviette sans la détruire.

Vu que je suis un peu limitée en temps, je reviendrai un autre jour pour mieux expliquer le collage du découpage.

quarta-feira, 30 de janeiro de 2008

Um simples nú.../ un simple nu

Mais um óleo, realizado em 2001. Infelizmente não sei de quem é o original, copiei de uma gravura e não tirei o nome do autor. É um dos maiores quadros que já fiz, 70x50. Deu-me uma trabalheira, mas um gozo extraordinário.
Encore une toile à l'huile, faite em 2001. Je ne sais pas a qui appartient l'original car je l'ai recopié d'une gravure et oublié le nom de l'auteur. C'est une des plus grandes toiles que j'ai faite, 70x50cm.
Tenho sentimentos mistos em relação a este quadro. Gosto dele, mas estou farta de o ter pendurado no meu quarto. Além disso, de acordo com as leis do Feng Shui (Vanadis, tá tudo bem com o Tico e o Teco até agora?), não é bom ter no quarto de dormir representações de figuras femininas sós, o que explica, obviamente, a minha miserável vida sentimental :). Além disso, um ex também fez um reparo que me desagradou profundamente: disse que o quadro lhe parecia autobiográfico. Não gostei. Não gostei para já do tom paternalista implícito e da própria comparação física: como se eu tivesse uns 'presuntos' daquele tamanho!!!! Mas temos de dar o devido desconto, o tipo era meio parvo, mesmo. (Luís, se um dia leres isto, sim é mesmo contigo!).
J'ai des sentiments mixtes par rapport à cette toile. Je l'aime bien, mais je suis fatiguée de l'avoir accroché dans ma chambre. Il parait aussi que ça ne rapporte rien de bon d'avoir des figures féminines seules dans notre chambre, ce qui peux expliquer l'état peu intéressant de ma vie sentimentale :)
PS: Vanadis, o que é aquela coisa esbranquiçada que está entre a tela e a moldura? Certo!!! É um passe partout! Got it? :)

Internacionalização

É com grande prazer que acolho neste espaço amigos franceses, a quem divulguei o endereço. Na sequência de reclamações várias, de que 'os bonecos são giros', mas que não percebem nada do que está escrito, informo que doravante este será um espaço bilingue. A tradução estará sempre assinalada noutra cor, por isso, aos Lusos, agradeço a paciência.
Ah, e antes que pensem que só me estou a armar aos cucos: eu nasci em França e ainda conservo por lá amigos de infância, família, e outros amigos que fui tendo o prazer de encontrar por circunstâncias várias, nomeadamente um artista profissional, cuja opinião e conselhos, muito me interessam (e parece que tem um filho, artista também, muito jeitoso!!!).
Entretanto espero mesmo que eles apareçam e comentem qualquer coisita, para eu não andar a traduzir para o boneco, e a fazer figuras tristes... :)

domingo, 27 de janeiro de 2008

Haverá 'arte' em copiar?

No prólogo não referi uma coisa que me parece (muito) importante: raramento pintei originais. Por duas razões principais. A primeira é que a fase da composição de uma tela é a fase mais importante, provavelmente, a que determina o sucesso da mesma. E a que leva mais tempo. Ora, eu sou uma pessoa com um alto grau de impaciência e com pouca tolerância ao detalhe. É de longe mais fácil olhar para o que já foi feito por outro, com mais jeito e mais paciência, e transpor para a minha tela. Ainda que muitas vezes dê um toque pessoal, alterando a cor ou cortando elementos.
A outra razão prende-se com o facto de eu, obviamente, não ter nascido com a 'arte', e ser uma mera mortal que se ajeita com um pincel e umas tintas. Tenho imaginação, mas não tenho a segurança necessária, nem tão pouco sinto (ainda) a necessidade de expressar essa imaginação de forma original. Se tivesse a certeza de que faria uma grande obra, certamente a colocaria em tela. Enquanto forem só projectos medianos, prefiro aperfeiçoar a mão a copiar os mestres, antigos e alguns mais contemporâneos, como é o caso do autor deste quadro: Jim Warren. Para quem gostar de cores vibrantes e representações surreais, visitem a galeria do senhor aqui. Os temas são um pouco recorrentes, mas eu gosto de alguns dos quadros, e já fiz dois óleos dele. O outro fica para outra vez, porque tem uma história associada. Este, ofereci à minha irmã, algures em 2001 ou 2002. I think...
Arrependo-me de não ter posto um passe-partout, pois daria outra profundidade à tela. Learning through mistakes...faz parte.
Para finalizar: para quem possa pensar que ao assinar os quadros que não são meus estou a cometer uma fraude, isso não é verdade. Sê-lo-ia se eu reproduzisse um quadro e falsificasse a assinatura do seu autor original. Claro que seria preciso a cópia ser exacta para a questão se colocar, o que não é manifestamente o caso. Vê-se perfeitamente que não foi o Jim Warren que fez isto, por isso a minha consciência está perfeitamente tranquila. E quando eu vos mostrar a minha 'Giocconda', perceberão o que quero dizer.

O meu primeiro óleo

Não é de todo o género que gosto de pintar, mas tive de começar por um básico. Com este quadro aprendi a pintar folhas e pétalas, e a noção de sombra e profundidade. Ah, e os pontos de luz também. Este quadro data de 2000, acho eu. Não posso jurar.
É favor ignorar a aberração da minha primeira assinatura, demasiado grande, demasiado óbvia, demasiado branca, enfim, demasiado tudo... Ainda estou em curso de aprendizagem sobre isto, e causa-me grande stress ter de assinar as telas. Há uma arte à parte para assinar uma tela. Eu, que sou por norma discreta, tenho sempre grande dificuldade em acertar no sítio, e na cor.

Prólogo

Quando era miúda, gostava de passar os dias a pintar. Enquanto a maior parte das miúdas da minha idade pedia Barbies, eu pedia aos meus pais livros para colorir e canetas de feltro. Ou lápis de cera. Ou lápis de cor. Ou um lápis de carvão.Ou uma esferográfica. Ainda que só tivesse uma cor, trabalhava-a de forma a criar um padrão diferente, ou um tom mais claro ou mais escuro, que me permitisse distinguir as diversas áreas da figura.
Também desenhava princesas, para lhes pintar os vestidos, em combinações tão infelizes quanto cor de rosa e azul turquesa. Copiava à vista os meus livros da Disney para pintar o Mickey e a Minnie. Ainda guardo essas 'obras primas', nalgum armário escuso. E ainda tenho um desenho que fiz com 5 anos, absolutamente pavoroso, mas que a minha mãe adora (não sei porque razão) e mandou enquadrar. Vou ver se o descubro, vai dar uns comentários engraçados.
Durante a adolescência, deixei o desenho e os livros de colorir para trás. Dediquei-me sobretudo à escrita, decerto inspirada pelas longas horas de sofrimento e penar que ditam as paixões não correspondidas e outros dramas de liceu. Foram uns anos pródigos de poemas, prosas mais ou menos longas sobre o facto de um tal gostar mais da minha amiga do que de mim, e vice versa. Foram também anos pródigos em escrita de peças de teatro, novelas em que amigos e conhecidos personificavam os papéis principais, e galhofa quando as novelas eram passadas de mão em mão. A minha relação com a pintura e a escrita era insipiente, sem dúvida, mas verdadeiramente expontânea. Nesses tempos não tinha receio de parecer ridícula, ou de que não gostassem das coisas que eu fazia ou escrevia. Suponho que isso faz parte da força da adolescência, não ter medo de trabalhar sem rede.
O final da adolescência e início da idade adulta trouxe-me períodos verdadeiramente negros. Deixei de escrever, deixei de desenhar, vegetei muitas horas em frente à televisão, esquecida do mundo lá fora, e desejando que ele me esquecesse.
Até que um dia, um passeio sem destino, me levou a uma rua de Sesimbra, onde havia um atelier de pintura. Entrei e fui logo tomada de um sopro de vida. Não hesitei em inscrever-me para a aula semanal, que ainda continuo a frequentar. Aqui deixo o meu agradecimento à minha professora, Graciosa Guerreiro, que, para além de ser uma pessoa extraordinária e cheia de vida e de me ter ensinado várias técnicas, me tem ensinado a ganhar confiança, e a arriscar mais, o que culmina na partilha dos meus 'projectos' convosco.
Espero que gostem deste cantinho, onde também incluirei, sempre que conseguir, algumas fotos de telas dos meus pintores favoritos, e também, e porque fazem parte de mim e da minha vivência, poemas ou reflexões.
Welcome to my world!
Com carinho,
Karine