quarta-feira, 30 de janeiro de 2008

Um simples nú.../ un simple nu

Mais um óleo, realizado em 2001. Infelizmente não sei de quem é o original, copiei de uma gravura e não tirei o nome do autor. É um dos maiores quadros que já fiz, 70x50. Deu-me uma trabalheira, mas um gozo extraordinário.
Encore une toile à l'huile, faite em 2001. Je ne sais pas a qui appartient l'original car je l'ai recopié d'une gravure et oublié le nom de l'auteur. C'est une des plus grandes toiles que j'ai faite, 70x50cm.
Tenho sentimentos mistos em relação a este quadro. Gosto dele, mas estou farta de o ter pendurado no meu quarto. Além disso, de acordo com as leis do Feng Shui (Vanadis, tá tudo bem com o Tico e o Teco até agora?), não é bom ter no quarto de dormir representações de figuras femininas sós, o que explica, obviamente, a minha miserável vida sentimental :). Além disso, um ex também fez um reparo que me desagradou profundamente: disse que o quadro lhe parecia autobiográfico. Não gostei. Não gostei para já do tom paternalista implícito e da própria comparação física: como se eu tivesse uns 'presuntos' daquele tamanho!!!! Mas temos de dar o devido desconto, o tipo era meio parvo, mesmo. (Luís, se um dia leres isto, sim é mesmo contigo!).
J'ai des sentiments mixtes par rapport à cette toile. Je l'aime bien, mais je suis fatiguée de l'avoir accroché dans ma chambre. Il parait aussi que ça ne rapporte rien de bon d'avoir des figures féminines seules dans notre chambre, ce qui peux expliquer l'état peu intéressant de ma vie sentimentale :)
PS: Vanadis, o que é aquela coisa esbranquiçada que está entre a tela e a moldura? Certo!!! É um passe partout! Got it? :)

Internacionalização

É com grande prazer que acolho neste espaço amigos franceses, a quem divulguei o endereço. Na sequência de reclamações várias, de que 'os bonecos são giros', mas que não percebem nada do que está escrito, informo que doravante este será um espaço bilingue. A tradução estará sempre assinalada noutra cor, por isso, aos Lusos, agradeço a paciência.
Ah, e antes que pensem que só me estou a armar aos cucos: eu nasci em França e ainda conservo por lá amigos de infância, família, e outros amigos que fui tendo o prazer de encontrar por circunstâncias várias, nomeadamente um artista profissional, cuja opinião e conselhos, muito me interessam (e parece que tem um filho, artista também, muito jeitoso!!!).
Entretanto espero mesmo que eles apareçam e comentem qualquer coisita, para eu não andar a traduzir para o boneco, e a fazer figuras tristes... :)

domingo, 27 de janeiro de 2008

Haverá 'arte' em copiar?

No prólogo não referi uma coisa que me parece (muito) importante: raramento pintei originais. Por duas razões principais. A primeira é que a fase da composição de uma tela é a fase mais importante, provavelmente, a que determina o sucesso da mesma. E a que leva mais tempo. Ora, eu sou uma pessoa com um alto grau de impaciência e com pouca tolerância ao detalhe. É de longe mais fácil olhar para o que já foi feito por outro, com mais jeito e mais paciência, e transpor para a minha tela. Ainda que muitas vezes dê um toque pessoal, alterando a cor ou cortando elementos.
A outra razão prende-se com o facto de eu, obviamente, não ter nascido com a 'arte', e ser uma mera mortal que se ajeita com um pincel e umas tintas. Tenho imaginação, mas não tenho a segurança necessária, nem tão pouco sinto (ainda) a necessidade de expressar essa imaginação de forma original. Se tivesse a certeza de que faria uma grande obra, certamente a colocaria em tela. Enquanto forem só projectos medianos, prefiro aperfeiçoar a mão a copiar os mestres, antigos e alguns mais contemporâneos, como é o caso do autor deste quadro: Jim Warren. Para quem gostar de cores vibrantes e representações surreais, visitem a galeria do senhor aqui. Os temas são um pouco recorrentes, mas eu gosto de alguns dos quadros, e já fiz dois óleos dele. O outro fica para outra vez, porque tem uma história associada. Este, ofereci à minha irmã, algures em 2001 ou 2002. I think...
Arrependo-me de não ter posto um passe-partout, pois daria outra profundidade à tela. Learning through mistakes...faz parte.
Para finalizar: para quem possa pensar que ao assinar os quadros que não são meus estou a cometer uma fraude, isso não é verdade. Sê-lo-ia se eu reproduzisse um quadro e falsificasse a assinatura do seu autor original. Claro que seria preciso a cópia ser exacta para a questão se colocar, o que não é manifestamente o caso. Vê-se perfeitamente que não foi o Jim Warren que fez isto, por isso a minha consciência está perfeitamente tranquila. E quando eu vos mostrar a minha 'Giocconda', perceberão o que quero dizer.

O meu primeiro óleo

Não é de todo o género que gosto de pintar, mas tive de começar por um básico. Com este quadro aprendi a pintar folhas e pétalas, e a noção de sombra e profundidade. Ah, e os pontos de luz também. Este quadro data de 2000, acho eu. Não posso jurar.
É favor ignorar a aberração da minha primeira assinatura, demasiado grande, demasiado óbvia, demasiado branca, enfim, demasiado tudo... Ainda estou em curso de aprendizagem sobre isto, e causa-me grande stress ter de assinar as telas. Há uma arte à parte para assinar uma tela. Eu, que sou por norma discreta, tenho sempre grande dificuldade em acertar no sítio, e na cor.

Prólogo

Quando era miúda, gostava de passar os dias a pintar. Enquanto a maior parte das miúdas da minha idade pedia Barbies, eu pedia aos meus pais livros para colorir e canetas de feltro. Ou lápis de cera. Ou lápis de cor. Ou um lápis de carvão.Ou uma esferográfica. Ainda que só tivesse uma cor, trabalhava-a de forma a criar um padrão diferente, ou um tom mais claro ou mais escuro, que me permitisse distinguir as diversas áreas da figura.
Também desenhava princesas, para lhes pintar os vestidos, em combinações tão infelizes quanto cor de rosa e azul turquesa. Copiava à vista os meus livros da Disney para pintar o Mickey e a Minnie. Ainda guardo essas 'obras primas', nalgum armário escuso. E ainda tenho um desenho que fiz com 5 anos, absolutamente pavoroso, mas que a minha mãe adora (não sei porque razão) e mandou enquadrar. Vou ver se o descubro, vai dar uns comentários engraçados.
Durante a adolescência, deixei o desenho e os livros de colorir para trás. Dediquei-me sobretudo à escrita, decerto inspirada pelas longas horas de sofrimento e penar que ditam as paixões não correspondidas e outros dramas de liceu. Foram uns anos pródigos de poemas, prosas mais ou menos longas sobre o facto de um tal gostar mais da minha amiga do que de mim, e vice versa. Foram também anos pródigos em escrita de peças de teatro, novelas em que amigos e conhecidos personificavam os papéis principais, e galhofa quando as novelas eram passadas de mão em mão. A minha relação com a pintura e a escrita era insipiente, sem dúvida, mas verdadeiramente expontânea. Nesses tempos não tinha receio de parecer ridícula, ou de que não gostassem das coisas que eu fazia ou escrevia. Suponho que isso faz parte da força da adolescência, não ter medo de trabalhar sem rede.
O final da adolescência e início da idade adulta trouxe-me períodos verdadeiramente negros. Deixei de escrever, deixei de desenhar, vegetei muitas horas em frente à televisão, esquecida do mundo lá fora, e desejando que ele me esquecesse.
Até que um dia, um passeio sem destino, me levou a uma rua de Sesimbra, onde havia um atelier de pintura. Entrei e fui logo tomada de um sopro de vida. Não hesitei em inscrever-me para a aula semanal, que ainda continuo a frequentar. Aqui deixo o meu agradecimento à minha professora, Graciosa Guerreiro, que, para além de ser uma pessoa extraordinária e cheia de vida e de me ter ensinado várias técnicas, me tem ensinado a ganhar confiança, e a arriscar mais, o que culmina na partilha dos meus 'projectos' convosco.
Espero que gostem deste cantinho, onde também incluirei, sempre que conseguir, algumas fotos de telas dos meus pintores favoritos, e também, e porque fazem parte de mim e da minha vivência, poemas ou reflexões.
Welcome to my world!
Com carinho,
Karine