terça-feira, 5 de fevereiro de 2008

Natureza Morta/Nature Morte

Muitas vezes considerada como uma 'arte menor', a pintura de naturezas mortas é frequentemente o ponto de partida do aspirante artista, uma vez que 'representa o modelo perfeito - imóvel, com uma interminável série de volumes, formas, texturas e cores' (sic in 'Segredos do Desenho e da Pintura'), permitindo entender os conceitos básicos de luz e sombra, perspectiva e composição.
Historicamente, e devido aos séculos de domínio do Clero na cultura, só eram consideradas 'arte' as pinturas de carácter religioso. Progressivamente, e com o declínio do poder da Igreja, os artistas, mais livres, começaram a interessar-se por temas do quotidiano, dando-lhes uma interpretação de tal forma viva que o conceito ganhou o seu merecido lugar nos nossos museus de hoje. Quem não encontra um encanto particular nos 'malmequeres' de Van Gogh, ou nas mesas postas de Cézanne? Quem não olhou já para um cesto de fruta (bem)pintado e pensou 'esta maçã parece mesmo sumarenta' ou não se deliciou com os subtis cambiantes de veludo da pele de um pêssego? Quem não imaginou o que se esconde na sombra de uma chávena, ou quase sentiu o perfume de flores campestres numa jarra?
As naturezas mortas são, na verdade, um mundo. Talvez não tão espectaculares como uma paisagem bucólica, mas carregadas de segredos por desvendar. Basta olhar com mais atenção para detectar um detalhe que nos conquista de imediato.
Este quadro de 2001, cujo autor original desconheço, não lhe podendo assim dar o devido crédito, foi a minha primeira natureza morta. Pode ver-se a minha dificuldade com os malmequeres, muito básicos e pouco encorpados. Acho os malmequeres particularmente irritantes de pintar porque é preciso trabalhar muito bem os brancos, dado que não temos outra cor com que dar formas e constrastes. Os malmequeres são, definitivamente, uma flor a abater!
No oposto aos malmequeres, a abóbora. Gosto muito dela, e deu-me muito gozo passar horas a dar-lhe corpo. Parece-me ser o elemento mais forte da tela. Aliás, agora que penso nisso, a 'progressão' do trabalho é perfeitamente visível. Comecei pelo fundo, claro, e depois de timidamente me aventurar nas malditas flores, descendo pelo desenho, 'cresci' em confiança na parte inferior. O canto inferior direito foi o que fiz em último, e o que me parece mais bem conseguido. Mas claro, isto é a minha opinião, muito parcial. :)
(Fogo, e agora traduzir isto tudo??? Caraças, mas porque é que eu me meto nestas coisas?)
Sur le texte ci-dessus je décris d'abord l'origine des natures mortes, et le fait qu'elles n'ont été acceptés comme véritable Art qu'après le déclin du pouvoir du Clergé, lorsque les artistes se tournairent des représentations religieuses vers la représentation libre de scènes du quotidien.
Les Natures mortes sont souvent le premier pas des aspirants artistes car elles proposent le modèle parfait: immobile, avec d'interminables volumes, formes, couleurs et textures. Celà permet de travailler le concept de lumière et ombre, perspective et composition.
Je propose aussi deux exemples de natures mortes par Van Gogh et Cezanne, et je souligne le fait que la nature morte, quoique que peut être moins spéctaculaire qu'un paysage bucolique, cache un monde de secrets et nous envoie dans un monde de sensations par l'observation de la toile: une pomme juteuse, une pêche de velours, ce qui se peut se cacher dans l'ombre d'une tasse, le parfum des fleurs des champs dans un vase...
Ma toile, ci dessus, date de 2001 ( dont, malheureusement, j'ignore l'auteur originel) et a été ma première nature morte. Nous y trouvons des fleures timides, surtout les marguerites, très pâles et avec peu de substance. Je trouve ces fleurs très difficiles de travailler car il faut maitriser l'usage du blanc et y mettre plusieurs couches, pour lui procurer du volume. En bas, mon élement le plus réussi, je pense: la citrouille. ´Je pense que l'évolution du travail est plus ou moins visible, car le coin inférieur droit, le dernier à être fait, me semble plus consistent que le reste de la toile. Mais bien sûr, ceci est mon opinion très partial! :)

7 comentários:

kanjas disse...

tambem nao sou grande fã de natureza morta lol mas olha que os malmequeres nao estao tão maus como os "pintas"!! Gosto da Abóbora :D

Acho que gosto mais de coisas sem grande lógica, como Dalis e afins.

Teté disse...

Vais abater os malmequeres? :)))

Gosto do teu quadro e claro também dos de Van Gogh e Cézanne.

Quanto a naturezas mortas, pois hà pessoas que preferem retratos, pinturas abstratas, paisagens, etc. Daí a dizer que umas são inferiores é outra conversa! ;)

Ana disse...

Não aprecio muitas naturezas mortas, mas adoro os malmequeres do van gogh, por acaso adoro.

Nunca pensem nos detalhes que uma natureza morta pudesse envolver! Mas sou tb um pouco como o fausto: gosto de pinturas sem uma lógica aparente, ao estilo de dali.

E gosto dos teus malmequeres. Para primeira natureza morta, está lindo!

Já agora, porque é que se chama natureza morta a este tipo de representações?

Safira disse...

Fausto: tens trocadilhos giros, ah pois tens! :)

Teté: Obrigada!
Não, abater não abato, até porque preciso deles para o 'mal me quer bem me quer'.. duhhh, piadinha seca esta... ;)
Eu acho que há classificações artísticas que não se entendem muito bem... eu cá acho que um desenho ou uma pintura, desde que bem feitos, nunca serão arte menor. Seja qual for o tema.

Vanadis: obrigada, V! Olha, se queres uma explicação muito científica tens de ir bater a outra porta. Eu acho que é porque são coisas que à partida estão inanimadas (sem vida). E como estar vivo é o contrário de estar morto, e como as naturezas morta estão definitivamente defuntas, suponho que é por isso que se chamam naturezas mortas. porque não têm vida intrínseca. Suponho. Mas aí podemos questionar: então mas uma flor num jarro? Está viva ou morta? A partir de quando é que morre mesmo?
Mas pronto, voltando à real, acho que é mesmo porque são modelos inanimados. o jarro de flores de certezinha absoluta não se vai por na alheta, nem vai mudar de cor, nem de textura. É aquilo agora e para todo o sempre. por oposição às paisagens, que t~em vida, aos retratos, que também têm vida ( a não ser quando as pessoas já morreram... Bolas, V. tu e as tuas perguntas!!! Agora fico a pensar nisto!!! :))

Beijos e bom domingo para todos (na eventualidade de não verem isto num domingo, bom dia em que estiverem a ler isto)

Anónimo disse...

então e na eventualidade de não vermos isto numa manhã?????? LOOOL! ;-)

okay, pensei que fosse algo do género do que contas, faz sentido! e ainda bem que te deixo a pensar...LOOOOOOOL!! ;-)

Rp disse...

Olá!
Foi a minha primeira visita.
Parabéns pelo blog
Beijinhos
Gosto imenso dos trabalhos do Salvador Dali

Safira disse...

Olá Rp! Obrigada, e espero que voltes, todos os domingos há novidades :)