sexta-feira, 15 de fevereiro de 2008

Técnica do Guardanapo (sobre madeira)

A pedido de várias famílias, aqui fica a técnica que permite transformar um tabuleiro de madeira absolutamente banal, nisto:

Material:

  • Um tabuleiro de madeira
  • Um guardanapo com motivos
  • Um pincel macio, de preferência de pelo sintético
  • Cola especial para découpage ou termolina branca
  • Uma tesoura
  • Um pedaço de folha de lixa
  • Tinta acrílica

Execução:

FASE 1: Preparação do tabuleiro

Para que a tinta cubra bem a madeira é necessário que esta seja preparada para a receber. Isto faz-se lixando a superfície até esta se apresentar perfeitamente lisa. Deve limpar-se com um pano de algodão macio, para eliminar quaisquer restos de serradura.

De seguida, e isto sou eu que faço, não é científico, dar uma camada de tinta acrílica de cor mais ou menos neutra, para fazer a base para a colagem do guardanapo. Geralmente, uso cores claras, como o 'baunilha' ou o 'beige', dependendo, é claro, do motivo do guardanapo. Dão-se geralmente duas 'demãos', para a tinta agarrar bem e esconder todos os veios da madeira.

No tabuleiro acima, para além de ter pintado a base, optei por pintar todo o tabuleiro.

Deixa-se secar muito bem a tinta. E quando digo 'muito bem', é mesmo 'muito bem', senão corre-vos mal a vida! :)

FASE2: Aplicação do guardanapo

Enquanto se aguarda que a tinta aplicada no tabuleiro seque, pode aproveitar-se o tempo para recortar o motivo que queremos colar. O guardanapo pode ser usado inteiro, mas neste caso, como sou masoquista, achei que seria boa ideia cortar só os motivos. O que está colado no tabuleiro é um único recorte! Como quando se descasca uma laranja sem parar...Dá um trabalhão do caraças!

O guardanapo é constituido por três películas: só nos interessa trabalhar com a que tem o motivo, mas, por ser extremamente frágil, só devemos retirá-la, com cuidado extremo, quando já estivermos prontos a aplicá-lo. E isto acontece logo após a primeira passagem de cola em cima do tabuleiro. Calcula-se a área que vai ser ocupada pelo motivo e, com o pincel, dá-se uma camada ligeira de cola, espalhando-a bem. Não é necessário por cola onde não vai ser aplicado o desenho, mas se se puser também não fica mal.

Assim que a cola estiver uniformemente espalhada, colocar delicadamente o motivo do guardanapo em cima e, muito suavemente, com a ajuda do pincel, e com movimentos a partir do centro do motivo para fora, fazer o desenho aderir à madeira. Esta é a fase mais crítica, pois o guardanapo, já de si frágil, pode facilmente ceder sob a pressão o pincel. É preciso mesmo ser extremamente delicado, porque não dá para 'emendar'. Se o guardanapo rasgar, tem de se retirar tudo e recomeçar.

Depois de colado o guardanapo, verifica-se se não há áreas que não estejam bem coladas (se houver alguma pontinha que pareça estar a descolar, aplicar-lhe mais um pouco de cola, directamente, e 'calcar' com o pincel. Deixa-se secar a primeira camada de cola, e algumas horas mais tarde, volta a aplicar-se mais uma camada, que pode ser generosa, uma vez que a fase de 'perigo' já passou e o motivo já está embebido na madeira. De qualquer forma, mais vale ser sempre delicado na aplicação, e não carregar muito com o pincel.

Pode repetir-se a aplicação de cola as vezes que se desejar, o que aumentará a resistência do conjunto. Pessoalmente, acho que três passagens (inclui a primeira) chega perfeitamente.

Et voilà! Pode dar-se um acabamento com verniz em spray, para acrílico (dado que usámos tinta acrílica), que deve ser aplicado uniformente, e também em camadas sucessivas, deixando algumas horas de secagem entre aplicação.

Obviamente não se pode lavar o tabuleiro, mas a base está protegida pela cola e pelo verniz, pelo que, se pode usar sem receio. Ainda que se suje ou salpique de café ou qualquer outra coisa, passando com um paninho húmido e, eventualmente, um detergente pouco abrasivo, limpa-se sem problemas de maior.

Para a próxima aula: guardanapo sobre vidro

domingo, 10 de fevereiro de 2008

Um génio surreal...Un génie surréel...

'Todas as manhãs, quando acordo, experimento um prazer supremo: o de ser Salvador Dalí'
'Tous les matins, en me réveillant, j'éprouve un plaisir suprème: celui d'être Salvador Dalí'
Ainsi parla Dalí, le plus egocentrique et exentrique des Maitres. D'après les publications Taschen, ce fut le seul surréaliste qui le resta du début à la fin de sa longue carrière.
Catalan de naissance, il vit le jour le 11 mai 1904, à Figueras (près de Gérone) et y mourru le 23 janvier 1989.
Sa vie fut marqué par l'exccès, le scandale et les déclarations inflammatoires. L'amour de sa vie fut Gala (Helena Devulina Diakanoff), à l'époque mariée à Paul Eluard, le poète surréaliste du cercle de Dalí. Avant qu'il ne lui prit sa femme, bien entendu.
Assim falou Dalí, o mais egocêntrico e excêntrico dos Mestres. Segundo a publicação da Taschen, foi o único surrealista que o foi do princípio ao fim da sua longa e profícua carreira.
Catalão de nascença, viu pela primeira vez o dia em Figueras, pequena localidade da provínica de Gerona, em 11 de Maio de 1904, e aí morreu em 23 de Janeiro de 1989.
Uma vida de excessos, sempre 'desculpados' pela sua genialidade ,e declarações inflamatórias e polémicas que fizeram de Dalí um personagem único, que se ama ou se odeia.
Pessoalmente, adoro. Acho que o seu génio não tinha limite. Com Dalí, o 'nonsense' faz sentido. E, ainda que o não faça totalmente, a sua bizarra harmonia torna as suas telas um verdadeiro deleite. Elementos visuais muito fortes, cor, forma, tudo levado a um muito bem conseguido exagero. Temas controversos, por vezes alguma crueza, e simbologia de carácter erótico/sexual, deixam entrever a forte e sexual personalidade do seu autor. Dalí era Grande. Dalí era mesmo imenso. Viveu em grande e protagonizou, com a sua bem amada e musa inspiradora, Gala (Helena Devulina Diakanoff), uma história de amor também ela marcada pelos escândalo: Gala era, na altura em que conheceu Dalí, casada com o poeta surrealista francês Paul Eluard, que rapidamente se viu posto de lado pela jovem de origem russa. Ora, isto não terá caído muito bem, especialmente ao pobre do Eluard... temos pena, Paul, honestamente...
Anyway, agora que já falei do Salvador e da Gala, vou falar da minha imitaçãozucha. Esta mini tela (mais ou menos 20 por 30), foi uma das 19 'cópias' de telas famosas que fiz para o casamento da minha irmã. Como a moça não tem paciência para se preocupar com detalhes, pediu-me que lhe arranjasse um tema para o casamento. Ora, dando-me carta branca, já se vê que, se não for bicharada ou o Sporting, só pode ser pintura! E assim nasceu a ideia de dar nome de mestres artistas às mesas do convidados, e já que vamos apostar em grande, enfeitá-las com mini telas. Ainda considerei a hipótese (lógica) de fazer cópias a cores de downloads da net, mas o apelo do desafio falou mais alto. Em três semanas, pintei dezanove telas em acrílico (que seca quase de imediato). Era até de madrugada, não dormia, só pensava nas telas. Trabalhava em duas ou três ao mesmo tempo. Foi a loucura total. Mas foi muito divertido. E algumas, como penso que esta, resultaram muito bem. Outras nem tanto (a Giocconda, por exemplo ;)). No final do casamento tivemos de recolher tudo à pressa, que muita gente achou que 'era para levar'. Stress!!!! Mas não me livrei de dar tres ou quatro, a malta de França e a um primo que está em Inglaterra, mas, podem pensar que é parvoíce, tenho saudades delas. Acontece-me muito com os meus trabalhos, sinto enorme dificuldade em 'deixá-los ir'. Ainda não bem que não tenho de vender quadros para comer (seria para já difícil encontrar compradores, mas isso é outra história). Desconfio que havia de andar chupadinha...
Alguns detalhes sobre esta o original desta tela. Dalí baptizou-a de 'Persistência da Memória', e data de 1931. A inspiração terá nascido de um sonho com camembert a escorrer! :) parece que é uma metafísica do tempo que se come e que come. Ok...não fui eu que disse, foi a Taschen!
Quelques détails sur cette toile de Dalí: elle fut appelé 'Persistence de la Mémoire' et date de 1931. Dalí eut un rêve de camembert coulant et ce fut sa base d'inspiration pour cette oeuvre. Il s'agit de la metaphisique du temps qui se mange et qui mange, mais j'avoue que je ne comprends cette idée qu'à moitié...

terça-feira, 5 de fevereiro de 2008

Natureza Morta/Nature Morte

Muitas vezes considerada como uma 'arte menor', a pintura de naturezas mortas é frequentemente o ponto de partida do aspirante artista, uma vez que 'representa o modelo perfeito - imóvel, com uma interminável série de volumes, formas, texturas e cores' (sic in 'Segredos do Desenho e da Pintura'), permitindo entender os conceitos básicos de luz e sombra, perspectiva e composição.
Historicamente, e devido aos séculos de domínio do Clero na cultura, só eram consideradas 'arte' as pinturas de carácter religioso. Progressivamente, e com o declínio do poder da Igreja, os artistas, mais livres, começaram a interessar-se por temas do quotidiano, dando-lhes uma interpretação de tal forma viva que o conceito ganhou o seu merecido lugar nos nossos museus de hoje. Quem não encontra um encanto particular nos 'malmequeres' de Van Gogh, ou nas mesas postas de Cézanne? Quem não olhou já para um cesto de fruta (bem)pintado e pensou 'esta maçã parece mesmo sumarenta' ou não se deliciou com os subtis cambiantes de veludo da pele de um pêssego? Quem não imaginou o que se esconde na sombra de uma chávena, ou quase sentiu o perfume de flores campestres numa jarra?
As naturezas mortas são, na verdade, um mundo. Talvez não tão espectaculares como uma paisagem bucólica, mas carregadas de segredos por desvendar. Basta olhar com mais atenção para detectar um detalhe que nos conquista de imediato.
Este quadro de 2001, cujo autor original desconheço, não lhe podendo assim dar o devido crédito, foi a minha primeira natureza morta. Pode ver-se a minha dificuldade com os malmequeres, muito básicos e pouco encorpados. Acho os malmequeres particularmente irritantes de pintar porque é preciso trabalhar muito bem os brancos, dado que não temos outra cor com que dar formas e constrastes. Os malmequeres são, definitivamente, uma flor a abater!
No oposto aos malmequeres, a abóbora. Gosto muito dela, e deu-me muito gozo passar horas a dar-lhe corpo. Parece-me ser o elemento mais forte da tela. Aliás, agora que penso nisso, a 'progressão' do trabalho é perfeitamente visível. Comecei pelo fundo, claro, e depois de timidamente me aventurar nas malditas flores, descendo pelo desenho, 'cresci' em confiança na parte inferior. O canto inferior direito foi o que fiz em último, e o que me parece mais bem conseguido. Mas claro, isto é a minha opinião, muito parcial. :)
(Fogo, e agora traduzir isto tudo??? Caraças, mas porque é que eu me meto nestas coisas?)
Sur le texte ci-dessus je décris d'abord l'origine des natures mortes, et le fait qu'elles n'ont été acceptés comme véritable Art qu'après le déclin du pouvoir du Clergé, lorsque les artistes se tournairent des représentations religieuses vers la représentation libre de scènes du quotidien.
Les Natures mortes sont souvent le premier pas des aspirants artistes car elles proposent le modèle parfait: immobile, avec d'interminables volumes, formes, couleurs et textures. Celà permet de travailler le concept de lumière et ombre, perspective et composition.
Je propose aussi deux exemples de natures mortes par Van Gogh et Cezanne, et je souligne le fait que la nature morte, quoique que peut être moins spéctaculaire qu'un paysage bucolique, cache un monde de secrets et nous envoie dans un monde de sensations par l'observation de la toile: une pomme juteuse, une pêche de velours, ce qui se peut se cacher dans l'ombre d'une tasse, le parfum des fleurs des champs dans un vase...
Ma toile, ci dessus, date de 2001 ( dont, malheureusement, j'ignore l'auteur originel) et a été ma première nature morte. Nous y trouvons des fleures timides, surtout les marguerites, très pâles et avec peu de substance. Je trouve ces fleurs très difficiles de travailler car il faut maitriser l'usage du blanc et y mettre plusieurs couches, pour lui procurer du volume. En bas, mon élement le plus réussi, je pense: la citrouille. ´Je pense que l'évolution du travail est plus ou moins visible, car le coin inférieur droit, le dernier à être fait, me semble plus consistent que le reste de la toile. Mais bien sûr, ceci est mon opinion très partial! :)

domingo, 3 de fevereiro de 2008

Porque nem só de tela vive o artista

Reservo-vos hoje uma visita ao mundo das artes decorativas. Técnicas várias dão vida a simples objectos sem cor, reavivam velhos móveis, e embelezam o nosso lar. Ou não, dependendo da perspectiva. Nem toda a gente aprecia. Confesso que eu também não sou fã de figurinhas pintadas à mão ou peças de vidro sem utilidade. Contudo, convivo muito bem com a elaboração de peças que têm um fim, ou uma utilidade, e em que o que eu faço é apenas decorá-las.
O exemplo de hoje é temático: Um prato de Natal.
A técnica do guardanapo é uma técnica simples, pouco dispendiosa e que resulta muito bem em madeira, vidro e tecido. Basta ter paciência e alguma habilidade para recortar os motivos do guardanapo sem dar cabo dele!!
Como estou um bocado apertada de tempo não posso dissertar muito mais, mas noutro dia, poderei explicar como se faz.
Parqu'il y a plus que la toile dans l'univers de l'artiste, au menu aujourd'hui, un petit tour au monde des arts décoratifs. Diverses techniques donnent vie à des objects sans couleur, rammènent à la vie de vieux meubles et décorent nos maisons. Même si tout le monde n'apprécie pas. J'avoue moi même ne pas apprécier des figurines peintes ou des objects en verre sans utilité. Par contre, j'aime beaucoup faire des pièces utiles.

Exemple du jour: Plat de Nöel

La technique de découpage est simple, bon marché et fonctionne bien sur bois, verre et tissus. Il suffit juste d'avoir un peu de patience et être habile pour découper la serviette sans la détruire.

Vu que je suis un peu limitée en temps, je reviendrai un autre jour pour mieux expliquer le collage du découpage.